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Arte no Século XX

Playing Naked People - Ernst Ludwig Kirchner - 1910

A Última Ceia - Emil Nolde - 1909

 “Retrato de um homem” - 

Erich Heckel - 1919

Casal de Apaixonados -

Otto Mueller - 1919

O Cavaleiro Azul -

Wassily Kandinsky - 1903

Dois Gatos Azul e Amarelo -

Franz Marc - 1912

Jardim de Rosas - Paul Klee

1920

 

Improvisation 6 (African) 

Wassily Kandinsky

1909 

Grande Vitrine Iluminada 

August Macke

1912

Janela Aberta em Collioure, de Matisse, exposta no Salão de Outono de 1905

Estaque - Andre Derain - 1905

O Restaurante - Maurice de Vlaminck - 1905

> Expressionismo

 

O termo expressionismo tem sentido histórico preciso ao designar uma tendência da arte europeia moderna, enraizada em solo alemão, entre 1905 e 1914. A noção, empregada pela primeira vez em 1911 na revista Der Sturm [A Tempestade], mais importante órgão do movimento, marca oposição ao impressionismo francês. À ideia de registro da natureza por meio de sensações visuais imediatas, cara aos impressionistas, o expressionismo contrapõe a expressão que se projeta do artista para a realidade, distante das paisagens luminosas de Claude Monet (1840-1926), ou de uma concepção de arte ligada à mente, e não apenas ao olhar, como quer Paul Cézanne (1839-1906). Para os expressionistas, arte liga-se à ação, muitas vezes violenta, através da qual a imagem é criada, com o auxílio de cores fortes -  que rejeitam a verossimilhança - e de formas distorcidas. A afirmação do expressionismo se dá com o grupo Die Brücke [A Ponte], criado em 1905 em Dresden, contemporâneo ao fauvismo francês, no qual se inspira.

 

>> Características

 

Die Brücke - A Ponte

 

> o caráter de crítica social da arte;

> as figuras deformadas, cores contrastantes e pinceladas vigorosas que rejeitam todo tipo de comedimento;

> a retomada das artes gráficas, especialmente da xilogravura;

> o interesse pela arte primitiva.

Essa poética encontra sua tradução em motivos retirados do cotidiano, nos quais se observam o acento dramático e algumas obsessões temáticas, por exemplo, o sexo e a morte.

A arte expressionista encontra suas fontes no romantismo alemão, em sua problematica do isolamento do homem frente à natureza, assim como na defesa de uma poética sensível à expressão do irracional, dos impulsos e paixões individuais. Combina-se a essa matriz, o pós-impressionismo de Vincent van Gogh (1853-1890) e Paul Gauguin (1848-1903). Do primeiro, destacam-se a intensidade com que cria objetos e cenas, assim como o registro da emoção subjetiva em cores e linhas. Do segundo, um certo achatamento da forma, obtido com o auxílio da suspensão das sombras, o uso de grandes áreas de cor e atenção às culturas primitivas. O imaginário monstruoso do pintor belga Jame Ensor (1860-1949), suas máscaras e anjos decaídos, constitui outra referência importante. Assim como uma releitura do simbolismo, pelas possibilidades que abre à fantasia e ao universo onírico, embora os expressionistas descartem uma visão transcendente do simbólico e certo espiritualismo que rondam a linguagem simbolista. O pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) é talvez a maior referência do expressionismo alemão.

A dramaturgia de Ibsen e Strindberg bem como as obras de Van Gogh e Gauguin marcam decisivamente os trabalhos de Munch, em sua ênfase no sentido trágico da vida. A famosa tela O Grito, 1893 - reproduzida dois anos depois em litografia -, fornece uma chave privilegiada de acesso ao seu universo. A pessoa de aspecto fantasmático, em primeiro plano, define um foco que arrasta todo o cenário. As linhas deformadas da figura expandem-se pelo entorno, que participa da angústia do grito, emitido por ela própria, segundo algumas leituras, ou pela natureza, de acordo com Munch em texto escrito para o quadro, publicado na Revue Blanche, em 1895: "Tornei-me consciente do infinito e vasto grito da natureza". A distorção da figura que grita - ou que abafa com as mãos o grito da natureza -, sobre a qual paira a imagem da morte, afasta qualquer idéia de beleza.

 

 

>> Pintores do Die Brücke

 

> Ernst Kirchner

> Emil Nolde

> Fritz Bleyl

> Erich Heckel

> Karl Schmidt-Rottluff

> Otto Mueller

> Max Pechstein

 

 

Der Blaue Reiter – o cavaleiro azul

 

Em 1911, na cidade de Munique, um segundo grupo de pintores com tendências expressionistas é formado, o Der Blaue Reiter (o cavaleiro azul). O nome é criado por Franz Marc e Wassily Kandinsky. O primeiro é apaixonado por cavalos, e o segundo, pela cor azul. Para Kandinsky, o azul representa a espiritualidade e o desejo pelo eterno. Além disso, Kandinsky possuía uma obra com este mesmo nome, datada e 1903. 

Mais do que uma uniformidade estilística, os artistas do “Der Blaue Reiter” compartilhavam uma visão sobre a arte. Acreditavam que a pintura deveria servir para a expressão pessoal do artista, imperando sempre a liberdade criativa. Com o Die Brücke, movimento expressionista criado em 1905 em Dresden, possuía em comum a oposição ao impressionismo e ao positivismo do início dos século XX. Expressavam-se, porém, de forma mais lírica. Ao invés da deformação, optam pela abstração, pelo misticismo, pelas formas de arte que consideram as mais genuínas: a arte primitiva, a popular, a infantil e a de doentes mentais. Consideram a arte uma expressão do espírito.

O Der Blaue Reiter organiza muitas exposições de vanguarda, com o intuito de reunir obras de diversas nacionalidades, superando fronteiras e barreiras nacionais. Acreditam na arte como uma linguagem universal. Em 1912, as ideias do grupo, com orientações espiritualistas, são divulgadas em uma revista, o Almanach der Blaue Reiter.

As obras do grupo são luminosas e coloridas. Enquanto o Die Brücke se utiliza de gravuras e xilogravuras, o Der Blaue Reiter prefere a leveza das aquarelas. A cor é utilizada de forma emotiva, em tons vivos e límpidos. Suas principais influências são as obras de Cézanne e Matisse.

As atividades do grupo encerram-se com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

 

>> Pintores do Der Blaue Reiter

 

> Franz Marc

> Paul Klee

> Wassily Kandinsky

> August Macke

> Marianne von Werefkin

 

 

 

 

> Fauvismo

 

No Salão de Outono de 1905, um grupo de pintores ocupou uma mesma sala, dentre eles, Matisse, Dufy, Marquet e Vlaminck. Seus quadros não seguiam os cânones impressionistas, vigentes na época, e chamavam a atenção pelo uso estridente das cores. Nesta mesma sala, havia uma pequena estátua, um Cupido, em estilo renascentista, que lembrava o trabalho de Donatello.

Ao escrever um texto sobre este Salão, o crítico conservador Louis Vauxcelles comentou que Donatello se achava em uma verdadeira jaula de feras – cage aux fauves. Referia-se, provavelmente, a ferocidade com que os artistas empregavam as cores, ou ao abandono das regras tradicionais – civilizadas – de pintura.

A denominação, apesar de jamais ter sido aceita pelos artistas, popularizou-se, e a tendência estética ficou conhecida como fauvismo ou fovismo.

Em 1905, no Journal de Rouen, o crítico Marcel Nicolle escreveu que as obras fauvistas não tinham “nada a ver com pintura… o passatempo ingênuo e bárbaro de uma criança que brinca com um estojo de tintas que acabou de ganhar de presente de natal”.

Classificar obras de vanguarda como pinturas infantis era bastante comum. Para os críticos, o caráter ingênuo das obras e seus aspectos toscos e inacabados eram provas de incompetência artística. A resposta do artista de vanguarda era apropriar-se do termo e investi-lo de significado.

Os fauvistas, assim, sustentavam o desejo de pintar com o ímpeto de uma criança. As crianças gostam de cor, são atraídas pelos tons vivos e brilhantes. O apuro intelectual é que mata no homem o amor instintivo pela cor.

As cores traduzem sensações elementares, impulsos instintivos, e é o elemento de maior expressividade na pintura fauvista.

 

 

>> Características

 

> Para os fauvistas, o ato de criação nada tem a ver com o intelecto ou com os sentimentos, mas com impulsos instintivos, sentimentos vitais. Valoriza-se uma abordagem direta e espontânea da vida e da sexualidade, culte de la vie.

 

> Repudia-se o subjetivismo e os temas considerados perturbadores ou deprimentes. A pintura não possui qualquer compromisso social e político. Osfauvistas usam a cor como instrumento de prazer.

 

> Pinta-se retratos e nus, em interiores ou ao ar livre. Nas paisagens, o local não precisa ser reconhecível, servindo como um pretexto decorativo.

 

>> Pintores do fauvismo

 

> Henri Matisse

> Georges Braque

> Andre Derain

> Maurice de Vlaminck

> Jean Puy

> Raoul Dufy

> Albert Marquet

> Kees Van Dongen

 

 

> Cubismo

 

O Cubismo foi uma tendência artística que surgiu por volta de 1908, que considerava a obra de arte um fato plástico independente da imitação direta das formas naturais e que se propunha a traduzir sua visão com a ajuda de formas geométricas.

O nome Cubismo surgiu também da pena do jornalista Louis Vauxcelles para ajuizar o trabalho de dois jovens artistas: Picasso e Braque. A palavra foi bem recebida e adotada pelos amigos dos pintores, pela crítica e, em particular, por Guillaume Apollinaire, que em 1913 escreveu o célebre folheto "Os pintores cubistas", afirmando que "a geometria está para as artes plásticas como a gramática está para a arte de escrever".

Enquanto o impressionismo fragmentou a cor local das formas, o Cubismo restaurou a sensação da estrutura total dos  objetos, decompondo essa estrutura em planos, numa engenhosa geometria de espaço. Tudo está centrado no objeto, e foi por meio deste que o mundo moderno fez sua entrada na pintura contemporânea. O pintor ordena os diversos planos e superfícies que lhe são apresentados, abandona a ilusão de perspectiva, substituindo-a pela ideia da apreensão total e simultânea de todas as superfícies do objeto.

 

> Etapas do Cubismo

 

Costuma-se dividir o Cubismo em três etapas:

 

>> Cubismo Cezaneano: dominado por um manifesto

desejo de estruturar a obra desde os seus próprios

elementos, mediante a decomposição geométrica. A

sensação de volume, peso, corpo, espaço é poderosa

perspectiva tradicional e as teorias da arte como imitação da vida. Em lugar disso, apresenta uma nova realidade, por meio dos objetos fragmentados de forma radical, mostrando todos os seus lados simultaneamente.

 

>> Também se destacou no Cubismo Analítico, Georges Braque (1882-1963), que em 1910, deixou de lado a representação objetiva das pinturas cubistas desse período para utilizar os papiers collés, os títulos de jornais e outros elementos que, nas suas mãos e nas mães de Picasso, deram início ao collage.

 

>> Cubismo Sintético: ocorre uma diminuição da decomposiçãoda forma; restabelece-se o dualismo da figura e do fundo; prefere-se formas arredondadas em detrimento das angulosas. Reaparece o sentimento da cor com feições decorativas, e a superfície de toda a tela é bem dividida em áreas geométricas coloridas segundo os padrões renascentistas.

Juan Gris (1887-1927) representante deste período dá à cor um caráter simbólico (Retrato de Picasso), combinando a composição segundo a natureza com  as estruturaautônoma do espaço pictórico.

Outro pintor dessa fase é Fernand Léger (1881-1955). Sua pintura descreve com otimismo o tempo da máquina, o trabalho dos homens e sua integração ao mundo mecanizado. A pureza das cores é evidente em sua obra, Os Acrobatas.

 

 

> Futurismo

 

O Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876 - 1944), é publicado em Paris em 1909. Nesse primeiro de uma série de manifestos veiculados até 1924, Marinetti declara a raiz italiana da nova estética: "...queremos libertar esse país (a Itália) de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários". Falando da Itália para o mundo, o futurismo coloca-se contra o "passadismo" burguês e o tradicionalismo cultural. À opressão do passado, o movimento opõe a glorificação do mundo moderno e da cidade industrial. 

A exaltação da máquina e da "beleza da velocidade", associada ao elogio da técnica e da ciência, torna-se emblemática da nova atitude estética e política. Uma outra sensibilidade, condicionada pela velocidade dos meios de comunicação, está na base das novas formas artísticas futuristas. Movimento de origem literária, o futurismo se expande com a adesão de um grupo de artistas reunidos em torno do Manifesto dos Pintores Futuristas e do Manifesto Técnico dos Pintores Futuristas (1910). A partir de então, se projeta como um movimento artístico mais amplo, que defende a experimentação técnica e estilística nas artes em geral, sem deixar de lado a intervenção e o debate político-ideológico. 

Dinamismo e simultaneidade são termos paradigmáticos da proposta futurista. A ênfase na ação e na pesquisa do movimento aparece tanto no romance Mafarka, o Futurista, de Marinetti, e no Manifesto Técnico da Literatura Futurista (1912) quanto nas artes visuais, por exemplo na escultura Formas Únicas na Continuidade do Espaço (1913), de Boccioni, e nas telas Os Funerais do Anarquista Galli (1911), de Carrà, e Dinamismo de um Cão na Coleira (1912), de Balla. As inspirações nas pesquisas de cor e nos efeitos de luz do pós-impressionismo divisionista assim como nas técnicas das composições cubistas são evidentes, ainda que o futurismo italiano sublinhe na contramão do cubismo a carga emotiva e a expressão de estados de alma na arte (Estados de Alma nº 1. Os Adeuses,1911, de Boccioni). A forte politização do movimento é outro traço marcante e distintivo da arte futurista. A base ideológica do movimento é anticlerical - revelam os manifestos políticos lançados em 1909, 1911, 1913 e 1918 - e, em seguida, anti-socialista, pela defesa da modernização da indústria e da agricultura, do irredentismo e de uma política exterior agressiva. As afinidades com o fascismo, entrevistas pelo nacionalismo e pela exaltação do ímpeto e da ação, se concretizam quando diversos membros do grupo aderem ao partido fascista. Em Futurismo e Fascismo (1924), Marinetti reúne discursos e relatos em que apresenta o futurismo como parceiro e precursor do fascismo.

As propostas futuristas impregnam diversas artes. Na música, o teórico, pintor e músico Russolo defende "a arte dos ruídos", pela criação de instrumentos que produzem surpreendente gama de sons (os "entoadores de ruídos"). Nas artes cênicas, o teatro sintético futurista (1915) prevê ações simultâneas que tomam o palco e a platéia. A ênfase na invenção cênica aparece nos posteriores Teatro da Surpresa (1922) e no Teatro Visionário (1929). As experiências futuristas com o cinema, por sua vez, acompanham o movimento a partir de 1915, e mobilizam Marinetti, Balla, entre outros (Vida Futurista, 1916). O cinema é visto como a nova forma de expressão artística que atenderia à necessidade de uma expressividade plural e múltipla, declara o manifesto Cinema Futurista (1916). A arquitetura visionária de A. Sant´Elia (1888 - 1916) é mais um exemplo da extensão do projeto futurista.

 O movimento futurista serve de inspiração a obras e artistas de distintas tradições nacionais. Na Rússia, trabalhos de Mikhail Larionov (1881 - 1964), Natalia Gontcharova (1881 - 1962) e de Kasimir Malevich (1878 - 1935) podem ser vistos com base em leituras do futurismo. As manifestações do grupo dada, intencionalmente desordenadas e pautadas pelo desejo de choque e de escândalo, permitem entrever a retomada do futurismo. O vorticismo na Inglaterra e algumas pinturas de Marcel Duchamp (1887 - 1968) e Robert Delaunay (1885 - 1941) em solo francês sugerem, cada qual a seu modo, inspirações futuristas. Os modernistas reunidos na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, recebem imediatamente a alcunha de "futuristas" (configuram o chamado futurismo paulista), em virtude das propostas estéticas renovadoras e das intervenções estéticas de vanguarda. A consideração cuidadosa das obras de modernismo, entretanto, permite aferir a distância entre a vanguarda modernista brasileira e a italiana.

 

>> Artistas Futuristas

 

> Umberto Boccioni (1882 - 1916)

> Carlo Carrà (1881 - 1966) 

> Luigi Russolo (1885 - 1947) 

> Giacomo Balla (1871 - 1958)  

> Gino Severini (1883 - 1966)

> Fortunato Depero (1892 - 1960) 

 

 

 

> Dadaísmo

 

Ao contrário de outras correntes artísticas, o dadaísmo apresenta-se como um movimento de crítica cultural mais ampla, que interpela não somente as artes, mas modelos culturais passados e presentes. Trata-se de um movimento radical de contestação de valores que utiliza variados canais de expressão: revista, manifesto, exposição e outros. As manifestações dos grupos dada são intencionalmente desordenadas e pautadas pelo desejo do choque e do escândalo, procedimentos típicos das vanguardas de modo geral. A criação do Cabaré Voltaire, 1916, em Zurique, inaugura oficialmente o dadaísmo. Fundado pelos escritores alemães H. Ball e R. Ruelsenbeck, e pelo pintor e escultor alsaciano Hans Arp, o clube literário - ao mesmo tempo galeria de exposições e sala de teatro - promove encontros dedicados a música, dança, poesia, artes russa e francesa. O termo dada é encontrado por acaso numa consulta a um dicionário francês. "Cavalo de brinquedo", sentido original da palavra, não guarda relação direta, nem necessária, com bandeiras ou programas, daí o seu valor: sinaliza uma escolha aleatória (princípio central da criação para os dadaístas), contrariando qualquer sentido de eleição racional. "O termo nada significa", afirma o poeta romeno Tristan Tzara, integrante do núcleo primeiro.

A geografia do movimento aponta para a formação de diferentes grupos, em diversas cidades, unidos pelo espírito de questionamento crítico e pelo sentido anárquico das intervenções públicas. O clima mais amplo que abriga as várias manifestações dada pode ser encontrado na desilusão e ceticismo instaurados pela Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, que alimenta reações extremadas por parte dos artistas e intelectuais em relação à sociedade e ao suposto progresso social.

 

Se o dadaísmo não professa um estilo específico nem defende novos modelos, aliás coloca-se expressamente contra projetos predefinidos e recusa todas as experiências formais anteriores, é possível localizar formas exemplares da expressão dada. Nas artes visuais, os ready-made de Duchamp constituem manifestação cabal de um espírito que caracteriza o dadaísmo. Ao transformar qualquer objeto escolhido ao acaso em obra de arte, Duchamp realiza uma crítica radical ao sistema da arte. Assim, objetos utilitários sem nenhum valor estético em si são retirados de seu contexto original e elevados à condição de obra de arte ao ganhar uma assinatura e um espaço de exposição, museu ou galeria. Por exemplo, a roda de bicicleta que encaixada num banco vira Roda de Bicicleta, 1913, ou um mictório, que invertido se apresenta como Fonte, 1917, ou ainda os bigodes colocados sobre a Mona Lisa, 1503/1506 de Leonardo da Vinci, que fazem dela um ready-made retificado, o L.H.O.O.Q., 1919. Os princípios de subversão mobilizados pelos ready-made podem ser também observados nas máquinas antifuncionais de Picabia e nas imagens fotográficas de Man Ray.

Ainda que 1922 apareça como o ano do fim do dadaísmo, fortes ressonâncias do movimento podem ser notadas em perspectivas artísticas posteriores. Na França, muitos de seus protagonistas integram o surrealismo subsequente. Nos Estados Unidos, na década de 1950, artistas como Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Louise Nevelson retomam certas orientações do movimento no chamado neodada.

Difícil localizar influências diretas do dadaísmo na produção brasileira, mas talvez seja possível pensar que ecos do movimento dada cheguem pela leitura que dele fazem os surrealistas, herdeiros legítimos do dadaísmo em solo francês. Por exemplo, em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias; nas fotomontagens de Jorge de Lima, que podem ser aproximadas de trabalhos correlatos de Max Ernst; na produção de Flávio de Carvalho. De Carvalho, as performances, tão ao gosto das vanguardas - por exemplo, a relatada no livro Experiência nº 2 -, e também seu projeto para a Fazenda Capuava, construída em 1938, cujas motivações de aproximação arte e vida lembram, segundo algumas leituras, o Merzbau de Schwitters.

 

>> Artistas do Dadaísmo

 

Na Alemanha, nas cidades de Berlim e Colônia, destacam-se os nomes de:

> R. Ruelsenbeck

> R.Haussmann

> Johannes Baader

> John Heartfield

> G.Groz 

> Kurt Schwitters

 

Em Colônia:

> Max Ernst - posteriormente um dos grandes nomes do surrealismo - aparece como um dos principais representantes do dadaísmo.

> A obra e a atuação de Francis Picabia estabelecem um elo entre Europa e Estados Unidos. Catalisador, com Albert Gleizes e A. Cravan, das expressões dada em Barcelona, onde edita a revista 391, Picabia se associa também ao grupo de Tzara e Arp, em Zurique. Em Nova York, por sua vez, é protagonista do movimento com Marcel Duchamp e Man Ray.

 

 

> Arte Metafísica

 

A Pintura Metafísica explora os efeitos de luzes misteriosas, sombras sedutoras e cores ricas e profundas. De plástica despojada e escultural, tem inspiração na Metafísica, ciência que estuda as manifestações do sobrenatural. 
Tal pintura deve criar uma impressão de mistério, por meio de associações pouco comuns de objetos totalmente imprevistos. Para tanto são utilizadas arcadas e arquiteturas puras, idealizadas muitas vezes com a inclusão de estátuas, manequins, frutas e legumes, numa transfiguração toda especial e em perspectivas divergentes. 
Criada por Giorgio De Chirico, a Pintura Metafísica faz uso dos símbolos e tem origem quando extrai uma obra do ponto mais profundo de seu ser, indo até onde tudo o que existe é silêncio e onde toda a presença se dá pela ausência. Segundo o pintor, o uso de símbolos torna a obra verdadeiramente imortal, pois abandona por completo os limites do humano. 
Elementos clássicos da pintura italiana, como o espaço em perspectiva e as arquiteturas urbanas, somados à evocação de lugares, especialmente Ferrara, com suas amplas perspectivas, brancas e desertas, levariam o artista a um mergulho em sua alma que, por sua vez, o conduziria inevitavelmente a uma arte metafísica.
O caráter onírico desse universo pictórico antecipou o Surrealismo, cujo precursor seria o próprio De Chirico.

 

>> Artistas Metafísicos

 

> Alberto Savinio (1891-1952), irmão de De Chirico

> Filippo de Pisis (1896-1956)

> Mario Sironi (1885-1961)

 

 

> Surrealismo

 

O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, fruto das teses de Sigmund Freud, criador daPsicanálise, e do contexto político indefinido que marcou este período, especialmente a década de 20. OSurrealismo questionava as crenças culturais então vigentes na Europa, bem como a postura humana, vulnerável frente a uma realidade cada vez mais difícil de compreender e dominar.

Esta escola artística e literária se insinua no interior dos movimentos de vanguarda modernistas, englobando antigos adeptos do Dadaísmo – linhagem cultural nascida em Zurique, em 1916, que primava pela irracionalidade, pela censura a toda atitude moderada e era marcada por uma descrença total e um negativismo radical.

A teoria freudiana tem um grande peso na constituição do ideário surrealista, que valoriza acima de tudo o desempenho da esfera do inconsciente no processo da criação. O surrealismo procura expressar a ausência de racionalidade humana e as manifestações do subconsciente. Além dos dadaístas, ele se inspira também na arte metafísica de Giorgio de Chirico.

Os surrealistas deslizam pelas águas mágicas da irrealidade, desprezando a realidade concreta e mergulhando na esfera da absoluta liberdade de expressão, movida pela energia que emana da psique. Eles almejam alcançar justamente o espaço no qual o Homem se libera de toda a repressão exercida pela Razão, escapando assim do controle constante do Ego.

Os adeptos do Surrealismo se valem dos mesmos instrumentos que a Psicanálise, o método da livre associação e a investigação profunda dos impulsos oníricos, embora se esforcem para adaptar este manancial de recursos aos seus próprios fins. Desta forma eles objetivavam retratar o espaço descoberto por Freud no interior da mente humana, o inconsciente, através da abstração ou de imagens simbólicas.

O marco oficial da instituição deste movimento é o lançamento do Manifesto do Surrealismo, em outubro de 1924, por André Breton, que também o subscreveu. Este documento tinha o propósito de criar uma nova expressão artística acessível através do resgate das emoções e do impulso humano.

As colagens e assemblages constituem mais uma expressão caraterística da lógica de produção surrealista, ancorada na idéia de acaso e de escolha aleatória, princípio central de criação para os dadaístas. A célebre frase de Lautréamont é tomada como inspiração forte: '"Belo como o encontro casual entre uma máquina de costura e um guarda-chuva numa mesa de dissecção". A sugestão do escritor se faz notar na justaposição de objetos desconexos e nas associações à primeira vista impossíveis, que particularizam as colagens e objetos surrealistas. Que dizer de um ferro de passar cheio de pregos, de uma xícara de chá coberta de peles ou de uma bola suspensa por corda de violino? Dalí radicaliza a idéia de libertação dos instintos e impulsos contra qualquer controle racional pela defesa do método da "paranóia crítica", forma de tornar o delírio um mecanismo produtivo, criador. A crítica cultural empreendida pelos surrealistas, baseada nas articulações arte/inconsciente e arte/política, deixa entrever sua ambição revolucionária e subversiva, amparada na psicanálise - contra a repressão dos instintos - e na idéia de revolução oriunda do marxismo (contra a dominação burguesa). As relações controversas do grupo com a política aparecem na adesão de alguns ao trotskismo (Breton, por exemplo) e nas posições reacionárias de outros, como Dalí.

Isto só seria viável a partir do momento em que cada ser conquistasse o conhecimento de si mesmo, para então atingir o momento crítico no qual o interior e o exterior se revelam completamente coerentes diante da percepção humana. Ao mesmo tempo em que o Surrealismo pregava, como os dadaístas, a demolição do corpo social, ele propunha a gestação de uma nova sociedade, sustentada sobre outros alicerces.

Eles lançam, em 1929, o Segundo Manifesto Surrealista, publicando ao mesmo tempo o periódico O Surrealismo a Serviço da Revolução. Na década de 30 esta escola se expande e inspira vários outros movimentos, tanto no continente europeu quanto no americano. No Brasil ela se torna uma das várias vertentes absorvidas pelo Modernismo.

 

>> Artistas do Surrealismo

 

O Surrealismo – expressão que foi apresentada inicialmente pelo poeta cubista Guillaume Apolinaire, em 1917 – contava em suas fileiras com nomes famosos como:  

> Max Ernst, 

> René Magritte

> Joan Miró

> Marc Chagall

> Salvador Dalí, nas artes plásticas;

> André Breton, no campo da literatura;

> Buñuel, no cinema. 

 

 

A difusão do surrealismo pela Europa e Estados Unidos faz-se rapidamente. É possível rastreá-lo em esculturas de artistas díspares como:

> Alberto Giacometti,

> Alexander Calder,

> Hans Arp e

> Henry Spencer Moore. 

Na Bélgica, Romênia e Alemanha ecos surrealistas vibram em obras de Paul Delvaux, Victor Brauner e Hans Bellmer, respectivamente. 

>> Na América do Sul e no Caribe, o chileno Roberto Matta e o cubano Wifredo Lam devem ser lembrados como afinados com o movimento. 

>> Nos Estados Unidos, o surrealismo é fonte de inspiração para o expressionismo abstrato e a arte pop. 

>> No Brasil especificamente o surrealismo reverbera em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias, assim como nas fotomontagens de Jorge de Lima.

>>Nos dias atuais artistas continuam a tirar proveito das lições surrealistas.

 

 

> Abstracionismo

 

Em sentido amplo, abstracionismo refere-se às formas de arte não regidas pela figuração e  pela imitação do mundo. Em acepção específica, o termo liga-se às vanguardas européias das décadas de 1910 e 1920, que recusam a representação ilusionista da natureza.

 

A decomposição da figura, a simplificação da forma, os novos usos da cor, o descarte da perspectiva e das técnicas de modelagem e a rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz, aparecem como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo. Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna, a partir da década de 1930, um dos eixos centrais da produção artística no século XX.

 

É possível notar duas vertentes a organizar a ampla gama de direções assumidas pela arte abstrata:

 

>>A primeira, inclinada ao percurso da emoção, ao ritmo da cor e à expressão de impulsos individuais, encontra suas matrizes no expressionismo e no fauvismo.

>>A segunda, mais afinada com os fundamentos racionalistas das composições cubistas, o rigor matemático e a depuração da forma, aparece descrita como abstração geométrica. 

 

As vanguardas russas exemplificam as duas vertentes:

> Wassili Kandinsky (1866-1944), representante da primeira, é considerado pioneiro na realização de pinturas não-figurativas com Primeira Aquarela Abstrata (1910) e a série Improvisações (1909/1914).

Seu movimento em direção à abstração inspira-se na música e na defesa de uma orientação espiritual da arte, apoiada na teosofia. Em torno de Kandinsky e Franz Mac (1880-1916) organiza-se, na Alemanha, o Der Blaue Reiter [O Cavaleiro Azul], 1911, grupo do qual participam August Macke (1887-1914) e Paul Klee (1879-1940), e se aproximam as pesquisas abstratas de Robert Delaunay (1885-1941) e o simbolismo místico do checo radicado em Paris Frantisek Kupka (1871-1957).

 

> Kasimir Malevich (1878-1935) é um dos maiores expoentes da arte abstrata geométrica. No bojo do suprematismo, 1915, defende uma arte comprometida com a pesquisa metódica da estrutura da imagem.

 

>> A geometria suprematista se apresenta nos célebres Quadrado Preto Suprematista (1914/1915) e Quadrado Branco sobre Fundo Branco (1918).

 

>> A obra de Malevitch tem impacto sobre o construtivismo de Alexander Rodchenko (1891-1956) - Negro sobre Negro (1918) - e o realismo dos irmãos A. Pevsner (1886-1962) e N. Gabo (1890-1977).

 

>> O neoplasticismo de Piet Mondrian e Theo van Doesburg indica outra tendência da abstração geométrica. O movimento se organiza em torno da revista De Stijl [O Estilo], 1917, e tem o propósito de encontrar nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas. As composições se articulam com base em elementos mínimos: a linha reta, o retângulo e as cores primárias - azul, vermelha e amarela -, além da preta, branca e cinza. As idéias estéticas defendidas em De Stijl reverberam nos grupos Cercle et Carré (1930) e Abstraction-Création (1931), na França, e no Circle (1937), na Inglaterra.

 

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Europa e os Estados Unidos assistem a desdobramentos da pesquisa abstrata.

 

>> O tachismo europeu, também associado à abstração lírica, apresenta-se como tentativa de superação da forma pela ultrapassagem dos conteúdos realistas e dos formalismos geométricos.

Destacam-se os trabalhos de:

>> Hans Hartung (1904) e Pierre Soulages (1919) apóiam-se sobretudo no gesto,

>> Nas obras de Jean Fautrier (1898-1964) e  Jean Dubuffet (1901-1985) - e nos trabalhos de Alberto Burri (1915-1995) e Antoni Tàpies (1923-2012) - a pesquisa incide preferencialmente sobre a matéria.

 

Nos Estados Unidos, a abstração ganha força com o expressionismo abstrato de:

>> Jackson Pollock (1912-1956)

>> Willem de Kooning (1904-1997) - que descarta tanto a noção de composição, cara à abstração geométrica, quanto a abstração lírica -,

>> As grandes extensões de cor não modulada de Barnett Newman (1905-1970) e Mark Rotkho (1903-1970) e

>> A pintura com cores planas e contornos marcados de Ellsworth Kelly (1923) e Kenneth Noland (1924).

>> O minimalismo de Donald Judd (1928), Ronald Bladen (1918-1988) e Tony Smith (1912-1980) - tributário de uma vertente da arte abstrata norte-americana que remonta a Ad Reinhardt (1913-1967), Jasper Johns (1930) e Frank Stella (1936) - retoma as pesquisas geométricas na contramão da exuberância romântica do expressionismo abstrato.

>> No Brasil, as obras de Manabu Mabe (1924-1997) e Tomie Ohtake (1913) aproximam-se do abstracionismo lírico, que tem adesão de Cicero Dias (1907-2003) e Antonio Bandeira (1922-1967). >> Nos anos 80, observa-se uma apropriação tardia da obra de Kooning na produção de Jorge Guinle (1947-1987). O pós-minimalismo, por sua vez, ressoa em obras de Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Ana Maria Tavares (1958).

>> Em termos de abstração geométrica, são mencionados os artistas reunidos no movimento concreto de São Paulo (Grupo Ruptura) e do Rio de Janeiro (Grupo Frente) e no neoconcretismo.

 

 

 

 

> Op Art

A expressão “op-art” vem do Inglês optical art e significa “arte óptica” - a arte que envolve o estudo da percepção. Apesar de ter ganhado força na metade da década de 50, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento que culminou na década de 60. Os artistas op usam formas geométricas como tema principal de seus trabalhos, incluindo composições simétricas, ilusionismo e discrepâncias ópticas.

A chamada Arte Óptica não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; parece, excessivamente cerebral e sistemática mais próxima das ciências do que das humanidades. Suas possibilidades parecem ser tão limitadas quanto as da ciência e tecnologia. Entre as obras que alcançaram maior destaque, podemos citar: Mach-C, do artista Vassarely, e Pintura com Movimento Transformável, do artista Jacob Agam. 

A Arte Óptica utiliza a repetição de formulários e de cores simples para criar efeitos vibrantes e um sentido exagerado de profundidade. Toda a pintura é baseada em truques da percepção visual: perspectivas que criam uma ilusão do espaço tridimensional e de cores se misturando para dar a impressão de luz e sombra.

 

 

> Pop Art

 

A Pop Art, abreviatura de Popular Art, foi um movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi na verdade uma reação artística ao movimento do expressionismo abstrato das décadas de 1940 e 1950.

 

>> Crítica à cultura de massa

Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas.

>> Materiais usados 

Os materiais mais usados pelos artistas da pop art eram derivados das novas tecnologias que surgiram em meados do século XX. Gomaespuma, poliéster e acrílico foram muito usados pelos artistas plásticos deste movimento.

>> Principais artistas da Pop Art:

- Andy Warhol: maior representante da Pop Art. Além de pintor foi também cineasta.

- Peter Blake: foi o criador da capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

- Wayne Thiebaud: pintor norte-americano que se destacou na criação de obras com teor humorístico e nostálgico.

- Roy Lichtenstein: pintor norte-americano que trabalhou muito com HQs (histórias em quadrinhos), criticando a cultura de massas.

- Jasper Johns: pintor norte-americano cuja obra principal foi Flag (Bandeira) de 1954.

Influências 

A pop art exerceu uma grande influência no mundo artístico e cultural das épocas posteriores. Influenciou também o grafismo e os desenhos relacionados à  moda.

 

> Arte Conceitual

 

Arte Conceitual surgiu na década de 1960, como um desafio às classificações impostas à arte por museus e galerias. As galerias afirmavam categoricamente ao público: 

Isso é arte. 
Já a arte Conceitual buscava questionar a própria natureza da arte perguntando: 
O que é arte?

 

O primeiro a empregar a expressão arte-conceito foi o escritor e músico Henry Flynt em 1961 em meio às atividades associadas ao grupo Fluxus, de Nova Iorque, querendo dizer com isso que a arte conceitual é um tipo de arte que o material é a linguagem.

 

Os artistas conceituais tinham como meta popularizar a arte; fazer com que ela servisse como veículo de comunicação. A arte conceitual foi importante para debates e abriu caminhos para outros tipos de artes, como para as instalações e arte performática. 

 

Na  década de 60 e 70, o nome conceitual foi empregado para designar uma multiplicidade de atividades com base na linguagem, na fotografia e processos nos quais se equivaliam num embate que se efetuava entre a arte minimalista e várias práticas antiformais, num crescente radicalismo cultural e político.

 

Portanto a ideia e o conceito da obra era mais importante que o produto acabado. Do que a estética. Essa noção remonta a Duchamp, mas só se estabeleceu no mundo artístico a partir de 1960, quando se tornou um fenômeno internacional de grande importância. Duchamp marcou sua posição com um suporte para garrafas, uma pá de neve e um urinol, embora tenha usado esta linguagem como uma crítica à arte. Em suas obras, trocadilhos e brincadeiras estes artistas levantaram sérias questões sobre as fronteiras da arte.

 

Muitas iniciativas surgiam diretamente das formas de uma arte conceitual politizada, embora os envolvidos se vissem, depois do rompimento com o exercício da arte enquanto tal, totalmente desvinculados dessa esfera, em nome de um envolvimento mais prático com as mais amplas instâncias sociais.

 

A característica comum de toda a obra chamada e vista como conceitual não é ver o objeto, sua plástica, mas sim seu recado, a discussão de um assunto, a comunicação, passar a ideia, a interação entre o artista e o espectador. Levantar discussões e reflexões.

A obra vem para apresentar no tempo e no espaço, certas situações ou acontecimentos. Comunicação. Os artistas sentiram-se livres da representação pictórica, e declararam o processo mental como obra de arte. Nada era mais importante do que isso.

 

Logicamente muitos artistas apresentam obras desinteressantes, comuns, triviais do ponto de vista visual: mapas, diagramas, fitas de som e de vídeo, fotografias, textos etc.

 

Um exemplo conhecido é a obra Uma e Três Cadeiras, de Joseph Kosuth (Museu de Arte Moderna em Nova Iorque / 1965) que combina uma cadeira real, a fotografia da cadeira e uma definição de cadeira  – dada pelo dicionário.

 

A abordagem de Joseph Kosuth fez-se cada vez mais aguçada, forçando o ritmo em uma série de obras que se tornaram ícones da arte conceitual.

 

O Conceitualismo assumiu uma dupla identidade: uma arte conceitual analítica é rebaixada, como arte feita por homens brancos racionalistas, atolados no próprio modernismo que almejavam criticar. 

 

 

> Instalação   


O termo instalação é incorporado ao vocabulário das artes visuais na década de 1960, designando assemblage ou ambiente construído em espaços de galerias e museus. As dificuldades de definir os contornos específicos de uma instalação datam de seu início e talvez permaneçam até hoje. Quais os limites que permitem distinguir com clareza a arte ambiental, a assemblage, certos trabalhos minimalistas e a instalações? As ambigüidades que apresentam desde a origem não podem ser esquecidas, tampouco devem afastar o esforço de pensar as particularidades dessa modalidade de produção artística que lança a obra no espaço, com o auxílio de materiais muito variados, na tentativa de construir um certo ambiente ou cena, cujo movimento é dado pela relação entre objetos, construções, o ponto de vista e o corpo do observador. Para a apreensão da obra é preciso percorrê-la, passar entre suas dobras e aberturas, ou simplesmente caminhar pelas veredas e trilhas que ela constrói por meio da disposição das peças, cores e objetos.

Anúncios iniciais do que  é designado como instalação podem ser localizados nas obras Merz, 1919, de Kurt Schwitters (1887 - 1948), e em duas obras que Marcel Duchamp (1887 - 1968) realiza para as exposições surrealistas de 1938 e 1942, em Nova York. Na primeira, ele cobre o teto da sala com sacos de carvão, incorporando uma dimensão do espaço - o teto - normalmente descartada pelos trabalhos de arte (1.200 sacos de carvão). Na segunda, ele fecha uma sala com cordas, definindo, com sua intervenção, um ambiente particular Milhas de Barbantes. Em 1926, Piet Mondrian (1872 - 1944) projeta o Salão de Madame B, em Dresden, executado apenas em 1970, após a sua morte. Ao revestir o cômodo inteiro com suas cores características, o artista explora a relação da obra com o espaço, inserindo o espectador no interior do trabalho, o que é preocupação central das instalações posteriores.

No programa minimalista é possível localizar também um prenúncio do que viria a ser nomeado como instalação. As esculturas saem dos pedestais e ganham o solo, ocupando, vez por outra, todo o espaço da galeria. Os objetos dispostos no espaço, na relação que estabelecem entre si e o observador, constroem novas áreas espaciais, evidenciando aspectos arquitetônicos. Por exemplo, nas placas retangulares que Carl Andre (1935) organiza no chão da galeria Steel Magnesium Plain, 1969, na fileira de tijolos que corta o espaço, Lever, 1966, ou nas pedras que, ao ar livre, compõem o Stone Field Sculpure, 1977. As obras de Robert Morris (1931) caminham em direção semelhante: a escultura fixa-se no espaço real do mundo. Só que agora a ênfase é dada mais fortemente à percepção, pensada como experiência ou atividade que ajuda a produzir a realidade descoberta. Isso é testado, seja nos módulos hexagonais e em "L", de fiberglass, arranjados segundo posições invertidas, que o artista produz entre 1965 e 1967, seja no "tapete"' feito de restos de materiais díspares, como asfalto, alumínio, chumbo, feltro, cobre, sobras de barbantes etc., de 1968. Dan Flavin (1933 - 1996), combina lâmpadas fluorescentes com base no tamanhos, formato, cor e intensidade de luz, criando ambiências arquitetônicas particulares.

Ainda no interior do programa minimalista, é possível lembrar os labirintos de alumínio que Sol LeWitt (1928 - 2007) constrói no interior da galeria, Series A, de 1967, e os blocos criados com encaixe de peças de aço pintado, que Robert  Smithson (1938 - 1973) dispõe em fileiras horizontais, em Alogon # 2  e Installation, ambas de 1966. Se alguns trabalhos são nomeados expressamente pelos artistas e/ou críticos como instalações, outros, ainda que não recebam o rótulo, podem ser aproximados do gênero. É possível pensar, por exemplo, nas cenas construídas por George Segal (1924 - 2000), suas esculturas de gesso que integram cenários específicos e configuram espécies de mise-en-scène, paradoxalmente, realistas e abstratas como A Família, 1963 ou O Metrô, 1968. No interior da arte povera, alguns trabalhos se aproximam da idéia de instalação, por exemplo, os iglus de Mario Merz (1925), Giap Iglo, 1968, e Double Igloo, 1979.

 

Nas décadas de 1980 e 1990, a voga da instalação leva ao uso e abuso desse gênero de arte em todo o mundo, o que torna impossível a tarefa de mapear a produção recente. Da nova leva de artistas que investe na produção de instalações, é possível destacar a obra da norte-americana Jessica Stockholder (1959) pelas soluções originais. Suas instalações tematizam de algum modo a própria idéia de construção, lembram "canteiros de obras" ou "ambientes em reforma". Os andaimes, fiações soltas, tijolos, cavaletes de madeira etc. estão à mostra, recusando a idéia de finalização, e as cores vibrantes que tomam a cena permitem recuperar a pintura e a ideia de acabamento.

 

>> A instalação no Brasil:

 

Podem ser destacados, nos anos de 1960, alguns trabalhos de 

> Lygia Pape (1927-2004) - o Ovo e o Divisor, por exemplo -,

> Teias, ninhos e penetráveis realizados por Hélio Oiticica (1937-1980) 

> José Resende (1945), trabalho sem título, 1982, com borracha, tubo e compressor de ar; 

> Tunga (1952),  Lagarte III, 1989; 

> Mira Schendel (1919-1988), com Ondas Paradas de Probabilidade, na 10ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1969

> Nuno Ramos (1960, com 111, 1992 

> Cildo Meireles (1948)

> Carlos Fajardo (1941) 

> Antonio Manuel (1947)

 

 

 

> Grafite

 

A arte do grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. A definição mais popular diz que o grafite é um tipo de inscrição feita em paredes. Existem relatos e vestígios dessa arte desde o Império Romano. Seu aparecimento na Idade Contemporânea se deu na década de 1970, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade e, algum tempo depois, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos.

 

O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. Para esse movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas.
 

O grafite foi introduzido no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque brasileiro. O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo.

 

Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, pois de um lado o grafite é desempenhado com qualidade artística, e do outro não passa de poluição visual e vandalismo. A pichação ou vandalismo é caracterizado pelo ato de escrever em muros, edifícios, monumentos e vias públicas. Os materiais utilizados pelos grafiteiros vão desde tradicionais latas de spray até o látex.

Principais termos e gírias utilizadas nessa arte;

• Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
• Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
• Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúne para pintar ao mesmo tempo.
• Tag: é a assinatura de grafiteiro.
• Toy: é o grafiteiro iniciante.
• Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.

Les Demoiselles d'Avignon - Pablo Picasso (1908)

Cubismo Cezaniano ou 

Pré-Cubismo

Cubismo Analítico e Cubismo Sintético

Os Acrobatas - Fernand Léger (1933)

Formas Únicas na Continuidade do Espaço (1913)

Umberto Boccioni

Os Funerais do Anarquista Galli (1911)

Carlo Carrá

Dinamismo de um cão na coleira (1912) Giacomo Balla

Dinamismo de um Automóvel (1911)

Luigi Russolo

Dançarina Azul

(1912)

Gino Severini

Ciclista (1922) Fortunato Depero

Manifesto Dadaísta 1917

Autorretrato ABCD (1923-24)

Raoul Hausmann

L.H.O.O.Q (1919)  

Marcel Duchamp

Roda de Bicicleta (1913) Marcel Duchamp

Jorge de Lima. Livro de Sonetos (Acervo do IEB)

Dia Cinza, 1921 

George Grosz 

 

Fruto de uma longa experiência - 1919 Max Ernst

O Arqueólogo - Giorgio De Chirico

Anunciação (1932) - Alberto Savinio

As Musas Inquietantes (1916) Giorgio de Chirico

Colagens surrealistas (1933) - Max Ernst

Objeto Escatológico Funcionando Simbolicamente (O Sapato Surrealista)

Salvador Dali, 1931

O Jóquei Perdido (1925) - René Magritte

O Carnaval de Arlequim (1924-25) - Joan Miró

A Criança Geopolítica Assiste o Nascimento do Novo Homem (1943) - Salvador Dalí

Improvisação Desfiladeiro (1914)

 Wassily Kandinsky

Primeira Aquarela Abstrata (1910 ou 1913)

Wassily Kandinsky

Manhã no Povoado Após Tempestade de Neve (1912) - Kasimir Malevich 

 

Quadro Preto (1913) - Kasimir Malevich

Broadway Boogie-Woogie (1943) - Piet Mondrian

Linhas e Curvas (1956) - Hans Hartung

Jackson Pollock

Willen de Kooning

Mark Rothko

Donald Judd

Tomie Ohtake

Obras de Victor Vasarely

Andy Warhol

Roy Lichtenstein

Jasper Johns

Henry Flynt

Marcel Duchamp (1964)

Uma e Três Cadeiras (1965) - Joseph Kosuth

Kurt Schwitters

Lever (1966) - Carl Andre

Instalação - Sol Lewitt

O Metrô (1968) - George Segal

O Ovo e O Divisor - Lygia Pape

Penetráveis - Helio Oiticica

Sem Título - José Resende

Desvio para o Vermelho  Cildo Meireles

Grafite de Rui Amaral - década de 1970

Pichação (mensagem de protesto)

Grafites de artistas famosos

Os Gêmeos, Nina Pandolfo e Nunca, trabalharam em conjunto na grafitagem do castelo de Kelburn, na Escócia

A Rainha do Frango Assado - Alex Vallauri

Os Gêmeos

Os Gêmeos

Os Gêmeos nas paredes do MAM - Museu de Arte Moderna

Nunca

Nina Pandolfo

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