Ponto
Um ponto numa página em branco parece pouco, mas é muito diferenciador de uma página em branco. A utilização do ponto como marca gráfica é infinita.
É o sinal gráfico mínimo e elementar. Caracteriza-se por uma localização em um espaço.Quando os pontos são multiplicados, seu poder de expressão e de comunicação amplia-se. Disposição, distanciamento, quantidade e cor também influem no efeito dos pontos sobre a superfície. Eles podem criar ideias, comunicar sensações, dar ideia de movimento, ritmo, luz, sombra, volume, atmosfera. Quando colocados em fila, por exemplo, criam ideia de linha.
Observe com atenção os diferentes aspectos que o ponto pode tomar dentro do campo visual.
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Quanto ao aspecto gráfico os pontos podem estar dispostos
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Quanto ao número de pontos que uma superfície contém, podem considerar-se:
Campo Visual - Superfície limitada em que as formas se desenvolvem.
Quando no campo visual não existem formas, dizemos que é um campo vazio.
Ao acaso
Ordenados
Dispersos
Concentrados
Saturados
A Arte feita com Pontos
Pontilhismo ou
Neo-Impressionismo
Surgida na segunda metade do século XIX, a técnica do Pontilhismo foi utilizada por pintores franceses neo-impressionistas. A técnica, também conhecida como Pintura de Pontos, consiste na justaposição de pontos de cor criando o efeito desejado pelo pintor nos olhos do observador. Os artistas Georges Seraut e Paul Signac impulsionaram o Pontilhismo como técnica e o Divisionismo como teoria baseando-se em estudos científicos do químico Michel Chevreul cuja obra De la loi du contraste simultané des couleurs (Da lei do contraste simultâneo das cores), publicada em 1839, demonstra que cada cor ao lado de outra, sem serem mescladas, têm sua aparência original modificada.
Antes do neo-impressionismo, experiências divisionistas foram testadas por Jean-Antoine Watteau (1684-1721), Eugène Delacroix (1798-1863) e Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). São consideradas obras representativas divisionismo (apresentando técnicas do pontilhismo) Um Domingo de Verão na Grande Jatte (1886) e Banhistas em Asnières (1884) de Seraut, já no início do neo-impressionismo, bem como Retrato de Félix Fénéon (1890) e Entrada do Porto de Marselha, (1911) de Signac.
O neo-impressionismo foi um movimento artístico que tanto se desenvolveu a partir do impressionismo como também se opôs a ele. Apesar de George Seraut manter características impressionistas (pinturas ao ar livre e representação da luz e cor), suas obras apontam para direção diversa. Ele abandona o foco impressionista na representação naturalista dos ambientes e na incidência da luz, privilegiando o corte geométrico e a pesquisa científica da cor. Após a morte de George Seraut, Paul Signac torna-se líder da tradição pontilhista demonstrando algumas particularidades, como por exemplo, pontos e manchas mais evidentes que obras divisionistas anteriores.
A influência do neo-impressionismo pode ser observada em obras de Vincent van Gogh (1853-1890), Paul Gauguin (1848-1903), Henri Matisse (1869-1954) e Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901). No Brasil, diversos artistas (Belmiro de Almeida, Eliseu Visconti, Rodolfo Chambelland, Artur Timóteo da Costa, Guttmann Bicho), da época da Primeira República (1889-1930), utilizaram procedimentos divisionistas em suas paisagens e pinturas decorativas. Influências neo-impressionistas podem ser observadas nas cores claras e luminosas das obras Efeitos de Sol (1892) de Belmiro de Almeida (1858-1935) e Moça no Trigal (s.d.) de Eliseu Visconti (1866-1944).
Fontes:
Georges Seurat - 1859-1891
Domingo à Tarde na Ilha da Grande Jatte, Georges Seurat, 1885-86
Paul Signac - 1863-1935
Retrato de M. Felix Feneon - 1890 -
Paul Signac
Outros Artistas do Pontilhismo
Arte com Pontilhismo
Em Cores
Preto
e Branco
Efeitos de Sol 1892 - Belmiro de Almeida
Moça no Trigal (s.d.) - Eliseu Visconti
Carnaval - 1913 - Artur Timóteo da Costa
Vista da Lagoa - Guttmann Bicho